terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A função do poeta não é contar o que aconteceu mas aquilo que poderia acontecer de acordo com o princípio da verosimilhança. O historiador e o poeta não diferem pelo facto de um escrever em prosa e o outro em verso; diferem é pelo facto de um relatar o que aconteceu e o outro o que poderia acontecer. Assim, a poesia expressa o universal e surge como algo filosófico e de carácter mais elevado que a História, que expressa o particular. Já na comédia os poetas estruturam o enredo atendendo ao princípio da verosimilhança e só depois atribuem, ao acaso, os nomes e não escrevem sobre determinadas pessoas. Finalmente na tragédia os poetas prendem-se a nomes reais. Concluindo, o poeta deve ser um construtor de enredos mais do que de versos, uma vez que é poeta devido à imitação e imita acções.
De entre os enredos simples, as acções episódicas (aquelas em que os episódios se desenrolam uns após outros sem uma sequência verosímil ou necessária) não as piores. Uma vez que imitação representa não só uma acção completa mas também factos que inspiram temor e compaixão, estes sentimentos são muito mais facilmente suscitados quando os factos se processam contra a nossa expectativa; a imitação será mais surpreendente do que se surgisse do acaso e da sorte, pois os factos acidentais causam mais admiração.

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