A tragédia é a imitação de uma acção elevada e completa, dotada de extensão, numa linguagem embelezada (isto é, que tem ritmo e harmonia) que se serve da acção e não da narração. Esta imitação é realizada por pessoas que actuam.
A tragédia tem pelo menos três partes: a organização do espectáculo, a música (de sentido absolutamente claro) e a elocução (combinação dos metros). A imitação, como disse, é realizada por pessoas que actuam, sendo que cada uma delas é diferente no carácter (qualidade) e no pensamento (opiniões). A imitação da acção entende-se por enredo, que é a estruturação dos acontecimentos. No total, portanto, são seis as partes da tragédia: o enredo, o espectáculo, os caracteres, a música, a elocução e o pensamento.
A tragédia não é a imitação dos homens mas das acções e da vida; aliás, eles não actuam para imitar os caracteres mas os caracteres é que são abrangidos pelas acções. Por isso é que os acontecimentos e o enredo são o mais importante de tudo; não há tragédia sem acção, mas pode haver sem caracteres. Eis, portanto, a hierarquia das partes da tragédia, do mais para o menos importante:
1.º ENREDO
O princípio e a alma da tragédia.
2.º CARACTERES
3.º PENSAMENTO
Ser capaz de exprimir o que é possível e apropriado.
4.º ELOCUÇÃO
Comunicação do pensamento por meio de palavras; o seu valor é o mesmo em verso e em prosa.
5.º MÚSICA
Maior dos embelezamentos.
6.º ESPECTÁCULO
O mais desprovido de arte e o mais alheio à poética.
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